Um pouco sobre a História da A³P
Por Engº. Leizer Lerner(*)
A A³P tem história. Embora jovem como Instituição, é significativa a bagagem de realizações que ostenta e que lhe permitiu, ao correr dos anos, firmar uma tradição de seriedade e operosidade nas suas iniciativas. É hoje, afinal, uma entidade respeitável e que vem de completar seus 75 anos.
A fundação da A³P se fez, solene, em 1932, durante imponente sessão magna no Salão Nobre da então Escola Politécnica, no Largo de São Francisco. Presentes estavam o Diretor, insignes Lentes Catedráticas da Casa, e ainda autoridades das mais representativas da República. Esgotada neste magnífico e inicial esforço de nascimento, hibernou a A³P por 12 anos. Em 1945, os engenheiros recém-graduados da turma de 1944 da Escola retomaram a idéia da Associação de Antigos Alunos. E assim foi de novo levantado o facho olímpico.
O empuxo imprimido por aqueles nossos colegas, em 1945, foi mais potente que o dos fundadores de 1932. Convocaram e realizaram reuniões e assembléias, elaboraram e aprovaram um Estatuto, e por fim o registraram na então Universidade do Brasil. A Escola, esta já era Nacional de Engenharia. Escola considerada padrão de ensino da profissão em nosso país, respeitada no Brasil e no estrangeiro, reunia uma plêiade de professores do maior prestígio profissional e acadêmico, graduava e pulverizava engenheiros por todo o imenso território da nação. Estes engenheiros, quais vigorosas sementes, fariam brotar, nos mais recônditos recantos da pátria, a frondosa árvore de construção do país e afirmação da nacionalidade.
Mas, uma segunda vez faltou fôlego. Seguiu-se novo período de longa hibernação. A semente, entretanto, tinha força e personalidade, um gene potente que aguardava apenas a hora e a vez de se manifestar e firmar definitivamente. Coube a turma de 1955 – turma em que me graduei, de saudosas recordações em sua passagem pela Escola, retomar a luta e trazer de volta a arena a A³P.
Refundou-a efetivamente em 1957, com a ajuda e o entusiasmo das turmas que a precederam e que com entusiasmo a nós se aliaram nessa empreitada. Em 1957 assinamos (o grupo de ativistas que retomou a idéia de 25 anos antes) e divulgamos um “Manifesto de Convocação dos Ex-Alunos da Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil”. Subscreviam o documento ilustres companheiros: Gilberto Morand Paixão, Jadir Viana Botelho, Bernardo Griner, Celso Juarez de Lacerda, Manoel Griner, José Bragança Pinheiro, Mário J. Ferreira Pinto Milward, Armando Coelho de Freitas, Zilmar Montaury, Cairo da Silva Leite, Paulo Vieira Belotti, Mariza Ballariny. Dentre estes, hoje, não nos acompanham mais Armando Coelho de Freitas, Celso Juarez de Lacerda e Zilmar Montaury. Aqui consignamos nosso agradecimento por sua importante contribuição na construção deste patrimônio que é de todos nós, engenheiros egressos da gloriosa Casa do Largo de São Francisco e da nova fase da Escola Politécnica na Cidade Universitária.
O começo desta retomada foi difícil, penoso, laborioso. Contávamos, no entanto, com nossa juventude e o apoio de eminentes professores e líderes da classe. Na certeza de muitas omissões, que rogo me sejam desde logo relevadas, não posso deixar, nesta oportunidade, de lembrar algumas das figuras dentre as mais proeminentes que alimentaram o efetivo nascimento da A³P e várias de suas primeiras iniciativas: Maurício Joppert da Silva, César Cantanhede, Ruffno de Almeida Pizarro, António José da Costa Nunes, Jerônimo Monteiro Filho, Emani da Motta Rezende, Octavio Cantanhede, Hélio de Almeida, Francisco Saturnino de Brito Frtrio, António Alves de Noronha, Oscar de Oliveira, Artur Eugênio Jermann, Tércio do Souto Costa, João Cartos Vital, Jorge Oscar de Mello Flores, Jorge Felipe Kafuri, João Aristides Wiltgen, António Manoel de Siqueira Cavalcanti, Francisco de Sá Lessa. Luciano Brandão Alves de Sousa, Durval Lobo, António Ariindo Laviola, Enaldo Cravo Peixoto. E foram muitos outros, do mesmo porte, que a memória não alcançou neste instante de saudosas recordações.
Não tínhamos, entretanto, território… Queríamos ser nação e nos faltavam fronteiras. O vetusto prédio da Escola havia sofrido importante ampliação na gestão Sá Lessa, no início dos anos 50, graças à significativa dotação obtida por Maurício Joppert da Silva no Congresso Nacional. Mas, pouco tempo depois, o edifício, embora ampliado, já carecia de áreas disponíveis. Seus gabinetes, saias de aula, laboratórios, apertados, insuficientes, clamavam pela expansão. Esta só se deu na Cidade Universitária, já nos anos 60.
Encontramos guarida no Clube de Engenharia, entidade decana, mãe carinhosa de novéis agremiações da classe, dirigida com grande descortínio e dedicação pela figura notável de Maurício Joppert da Silva, tendo na Secretaria Geral o mestre César Cantanhede. Foi quando começou a história de nossas Sedes.
Vamos retroceder um pouco no tempo. Reativada a A³P em 1957, entre as diversas iniciativas da sua direção estava a obtenção de uma sede. E assim foi que, já em março de 1958, reuniu-se no 21º andar do Edifício Edison Passos, na Secretaria Geral do Clube de Engenharia, a Diretoria da A³P para conhecer da decisão do Clube de ceder uma sala no 20º andar, o andar nobre da Presidência do Clube e da FEBRAE (a Federação Brasileira de Associações de Engenheiros), para ser a primeira sede da entidade. Seria uma sede administrativa, uma vez que a Sede Social só poderia ser, evidentemente, no glorioso prédio do Largo de São Francisco.
Pouco tempo depois a A³P se instalou em sua primeira sede, com móveis emprestados (que jamais seriam devolvidos…) pela Escola e pelo Clube. Ainda hoje tem a A³P uma Sede Administrativa no Clube de Engenharia, seu fiel hospedeiro. Mas em outro local, no 18º andar, uma vez que a primeira sala, no 20º andar, a pedido de Francisco Rodrigues Saturnino de Brito Filho e com nossa aquiescência, foi pelo Clube entregue a FEBRAE, que ali tem atualmente o gabinete de sua presidência. Passaram-se sete anos. Com a mudança dos cursos regulares da Escola para a Cidade Universitária – para cujas obras e instalação muito se empenhou a A³P -, em agosto de 1965, obtivemos a cessão, provisória, de pequena sala no 2º andar do prédio do Largo de São Francisco. Esta sala, embora inaugurada com festa, não chegou realmente a operar como Sede Social. Era Diretor da Escola o prof. Afonso Henriques de Brito, que em maio do ano seguinte, 1966, finalmente cedeu a A³P as dependências do antigo Gabinete de Topografia (prof. Octávio Cantanhede), que fora antes de Geologia (prof. Rui de Lima e Silva).
Meses depois, durante a gestão interina do prof. Antonio José da Costa Nunes, foi-nos cedida uma sala contígua, onde funcionara antes o Laboratório de Mecânica dos Solos e a câmara úmida de cura dos corpos de prova de concreto, assuntos vinculados à antiga Cátedra de Materiais de Construção (prof. Rufino de Almeida Pizarro), e mais uma pequena área junto a caixa do elevador. Nestes locais foram instalados o atual auditório, a sala de secretaria e os banheiros da A³P.
Em meados da década de 1960, ao final da gestão de Rufino de Almeida Pizarro (que por dez anos foi Diretor da Escola), e ainda na década de 1970, foram à A³P oferecidas dependências na Cidade Universitária para instalar uma Sede Acadêmica. A decisão não foi adotada na época em razão do ônus financeiro e operacional que acarretaria mais uma sede à A³P – nossa agremiação sempre considerou essencial sua presença no tradicional prédio-monumento da Engenharia Nacional, no Largo de S.Francisco. Entretanto, parece-me hoje importante que a entidade tenha na Cidade Universitária um local que lhe permita o contato físico constante com seus futuros associados, os atuais estudantes de engenharia, além dos próprios professores e da direção da Escola.
(*) O engenheiro Leizer Lerner foi Presidente de Honra da A³P